Do MES (Manufactoring Execution Systems) ao MOM
No início dos anos 90 as
indústrias reconheceram a necessidade de uma camada que fosse capaz de integrar
os níveis de negócios e de controle. Desde o início, o termo MES que
corresponde à sigla em inglês “Manufactoring Execution Systems”, vem sendo
utilizado para especificar os produtos e funções que satisfazem essa
necessidade.
Neste
contexto, o MES englobava uma área onde a grande maioria dos produtos não
poderia ser identificada de forma clara às camadas de negócios ou de controle,
sendo em sua maioria composta por aplicações desenvolvidas por um integrador de
sistemas para um cliente em particular e geralmente focado em algo específico
como agendamento, rastreamento ou qualidade. Isso tornava a integração difícil,
demorada e cara. (Siemens, 2018)
Outros
problemas eram as diferentes terminologias e linguagens técnicas, culturas
organizacionais diferentes, crescimento do uso dos sistemas ERP, dificuldade de
comparação das soluções MES existentes e identificação de boas práticas.
Com
o passar do tempo, organizações internacionais entenderam que era necessária
uma definição clara para o MES. Então a MESA (Manufacturing Enterprise
Solutions Association) e a ISA (Instrumentation System and Automation Society)
desenvolveram modelos para descrever com clareza os níveis e criar uma
padronização.
Neste padrão
divide-se as aplicações do nível mais baixo da informação que ocorre nos
sensores e atuadores das máquinas e processos até o nível mais alto, chegando
ao ERP (Enterprise Resource Planning). Especificando melhor os níveis:
- Level 0: Define a camada física de processos de produção.
- Level 1: Sensoriamento e manipulação do processo de produção.
- Level 2: Monitoramento, controle de supervisão e automação controle do processo de produção. Nível das interfaces.
- Level 3: Fluxo de trabalho / controle de receita para produzir os produtos finais desejados. Manutenção de registros e otimizar o processo de produção.
- Level 4: Estabelecimento de cronogramas básicos da planta: produção, uso de material, entrega e expedição. Determinação dos níveis de estoque.
Com essa
padronização foram alcançados benefícios como redução de até 90% nos esforços
para integração ERP-MES/MOM, melhoria nas taxas de sucesso dos projetos de
integração de menos de 50% para mais de 90%, ajuda na revitalização do mercado
de MES/MOM, aumento da produtividade da manufatura, linguagem padronizada para
utilização com clientes possibilitando a comparação de soluções. (Brandl, 2008)
Nas últimas
décadas, a globalização das empresas e também dos processos de produção estão
criando a necessidade do desenvolvimento de novos modelos. Os processos de
manufatura não podem ficar restritos ao ambiente fabril, mas devem se estender
além das fronteiras da planta e até mesmo dos países. Dessa forma, o MES não
pode agir apenas como interface entre as camadas de controle e de negócios, mas
também coordenando e aliando a produção aos negócios e às estratégias de
produção.
Os
primeiros sistemas MES desenvolvidos não eram suficientemente configuráveis e
flexíveis para se adaptarem às mudanças nos modelos de negócios das empresas.
Consequentemente, muitos fornecedores tentaram se diferenciar do MES adotando o
novo Gerenciamento de Operações de Fabricação (MOM) introduzido pelo padrão
ISA-95. Os sistemas MOM (Manufacturing Operations Management) podem ser
descritos como uma abordagem que que supervisiona aspectos do processo de
fabricação, com um foco particular no aumento da eficiência e em orquestrar as
atividades de controle e fluxo de trabalho. Algumas das principais
características do MOM são:
- Colaboratividade: oferece
suporte a interações de pessoas para pessoas, de pessoas para sistemas e de
sistemas para sistemas, podendo se adaptar de flexível a situações em tempo
real oferecendo fluxos de trabalho e processos alternativos.
- Segurança: serão capazes de
aproveitar os serviços de segurança comuns que determinam funções,
responsabilidades, autoridades e acesso em todos os sistemas e funções de
aplicativos, ao mesmo tempo em que se encaixam nos esquemas corporativos de
segurança de TI.
- Bases de dados e históricos:
Terão bases de dados unificadas que poderão capturar as informações de eventos
de produção e de séries temporais que envolvem toda a fabricação de produtos,
com uma genealogia completa dos componentes e materiais.
- Visualização e mobilidade:
Atualmente já suportam diferentes interfaces gráficas, web services e
aplicativos para smartphones.
- Aplicações menores e focadas: os
sistemas e aplicativos monolíticos atuais têm muitas interdependências de
bancos de dados, operam de maneira inconsistente e não são inerentemente
integrados. Sendo capaz de aproveitar muitos dos serviços de plataforma de
software comuns descritos acima, os aplicativos modulares serão
significativamente menores, mais simples e focados. Esses aplicativos terão um
peso muito menor em termos de funcionalidade e, como resultado, serão
significativamente mais fáceis e rápidos de desenvolver. (Davidson; Goodwin, 2013)
Referências:
Brandl D. – What is ISA-95? – BR&L
Consulting, 2008
Disponível em: <http://www.apsom.org/docs/T061_isa95-04.pdf>
Acesso em 19 ago. de 2019.
Siemens - SIMATIC IT Unified Architecture –
Product Overview, 2018
Davidson M. ; Goodwin G.. The
Evolution of Manufacturing Software Platforms: Past, Present, and Future, 2013.
Disponível em: < https://www.lnsresearch.com/research-library/research-articles/the-evolution-of-manufacturing-software-platforms-past-present-and-future > Acesso em 19 ago. de 2019.

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